O cenário financeiro do Botafogo FR tornou-se especialmente turbulento após uma recente decisão da FIFA, que obriga o clube a desembolsar um valor de US$ 21 milhões (aproximadamente R$ 114 milhões) para o Atlanta United, devido à contratação do meio-campista argentino Thiago Almada. Esta sentença surge após o clube brasileiro não cumprir com os pagamentos acordados pela transferência, que deveriam ter sido efetuados em julho e setembro do ano anterior. A inadimplência do Botafogo foi oficialmente reconhecida pelo próprio clube.
A contratação de Almada, que se destacou no Botafogo entre agosto e dezembro de 2024, ajudando o time a conquistar tanto a Copa Libertadores quanto o Campeonato Brasileiro, agora tem gerado consequências drásticas além do campo. A falta de pagamento das parcelas da transferência colocou o clube sob a ameaça de um "transferban", termo utilizado para descrever a proibição de registrar novas contratações. Posteriormente, Almada transferiu-se para o Lyon, antes de finalmente ser vendido ao Atlético de Madrid, ambos os clubes fazendo parte da rede de equipes sob a propriedade de John Textor.
A disputa financeira tomou um novo rumo quando, em fevereiro, o Botafogo apelou contra a exigência de pagamento integral pela FIFA, argumentando que apenas o valor correspondente às duas primeiras parcelas, totalizando US$ 6 milhões, deveria ser considerado. A apelação foi ouvida pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) em uma audiência online realizada em outubro, com o veredito sendo anunciado recentemente.
A negociação original, firmada em junho de 2024, previa o pagamento dos US$ 21 milhões em quatro anos, divididos em parcelas. Contudo, a exigência final do Atlanta United, que incluiu a renúncia de Almada a 10% dos direitos da transferência—a qual é uma prerrogativa legal na MLS—quase comprometeu a conclusão do acordo. Essa condição levou à decisão da Eagle Football Holdings, de Textor, de adquirir essa porcentagem de Almada por US$ 2,1 milhões, com a intenção de posteriormente reivindicá-la da MLS.
Além disso, o Botafogo, através do escritório de advocacia Bichara e Motta Advogados, está buscando reaver o montante em disputa na justiça americana, enquanto enfrenta simultaneamente a exigência de pagamento na FIFA.
Em resposta à decisão da CAS, o Botafogo, mantendo seu compromisso com a transparência junto aos seus torcedores, afirmou que continuará a explorar todas as vias legais para resolver a questão. Como forma de enfrentar esse desafio financeiro, John Textor propôs financiamentos para quitar a dívida com a FIFA e também para futuras contratações, buscando a aprovação e cooperação do conselho da Eagle Football Holdings para tal estratégia.
Este desenvolvimento traz à tona não apenas as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Botafogo, mas também o intrincado mundo das negociações internacionais de jogadores, repleto de obrigações legais e financeiras que transcendem as fronteiras nacionais.